sexta-feira, 31 de julho de 2009

Meu Caro Ibérico José Saramago


Ontem fui convidada para assistir à estreia de uma curta-metragem sobre uma história infantil de José Saramago.

Era suposto estar lá o autor, e eu, já toda emocionada por vir a conhecer um homem já quase centenário e que faz parte da história de Portugal, acabei por apanhar uma grande desilusão. Pelos vistos o General Spinola continua a ser a única personagem realmente histórica com quem eu já tive contacto, tirando alguns políticos que de vez em quando decidem aparecer pela rua a dar ar da sua graça, e tirando também grandes actores como Ruy de Carvalho e Eunice Muñoz, com quem tive quase o mesmo privilégio que com o Spinola, pois apenas o Spinola sorriu para mim…

Bem, como eu ia dizendo, fui ver curta-metragem “A Maior Flor do Mundo”… A meu entender, a moral da história é que o amor das crianças faz com que tudo sobreviva e cresça… isto porque se não fosse a criança protagonista da história, o raio da flor ficava de tamanho normal, e morria à seca… Isto muito resumidamente, é claro.

Mesmo assim, o que me marcou nessa curta não foi a moral da história, mas sim uma frase que se encontrava no final, e por casualidade em português, já que todas as legendas e sinais que apareciam na curta estavam em galego: “E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?”.

Pelos vistos, um senhor que se lembra de escrever algumas obras sem pontuação, dar vários defeitos físicos e psicológicos aos seus heróis (sim, porque Baltazar era um assassino maneta) e que se lembra de inventar intrigas sobre a família real portuguesa (ex: uma rainha em vez de desejar seu rei deseja seu cunhado; um soldado que tem uma paixão por uma das infantas mais feias que algum pintor retratou), de vez em quando lembra-se de algo com sentido!

No inicio d’ “A Maior Flor do Mundo”, Saramago diz: “As histórias para crianças devem ser escritas com palavras muito simples, porque as crianças, sendo pequenas, sabem poucas palavras e não gostam de usá-las complicadas. Quem me dera saber escrever essas histórias, mas nunca fui capaz de aprender, e tenho pena.”

Da minha parte, apenas tenho a dizer que Saramago tem bastante jeito para histórias infantis… mais do que para adultos… mas quem sou eu pare reclamar, eu que apenas li o “Memorial do Convento” e um dia vi o filme “A Jangada de Pedra”?

Bem… por hoje é tudo… a ver um dia destes me lembro de contar como foi a longa-metragem que se seguiu a esta curta. Os meus parabéns a quem se lembrou de colocar 1 curta-metragem antes de uma longa-metragem: A ARTE NÃO DEVE MORRER!